Mexerem comigo era o que não faltava. Sempre tinha alguém metido
o esperto para fazer algum tipo de gracinha de forma pejorativa. A única pessoa
que não fazia isso comigo era a Lurdinha; por que ela era apaixonada por mim...
coitada. − Acho que ela sofria de miopia.
− Quando eu crescer
casa comigo - dizia ela todos os dias.
E tive que aturar
isso por todos os anos que estudamos juntos na única escola da cidade.
O colégio...
detalhe... Foi uma das piores épocas que lembro da minha infância. No recreio nem saía da sala de aula, e quando
precisava ir ao banheiro só ia depois que acabasse... para não gozar de mim.
Por este motivo também deixava de tomar o chocolate quente que eu adorava, a
sopa de feijão e as almôndegas com macarrão... coisa rara ter na escola, mas
pelos menos quatro messe era garantido a merendinha as três horas em ponto; e
eu perdia estas delicias temporárias para não ser motivo de chacotas.
Em fim fui crescendo. E nada mudou: minha
voz não engrossou, os meus movimentos continuaram aviadados, e a falação só
piorou. Mas isso não me desagradava mais... eu já sabia quem eu era, do mesmo
jeito que já começava a me aceitar, mas não contava para ninguém o meu gosto.
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